quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Bonus para os "Profetas " e "Gurus"

A maioria dos líderes das empresas que entraram ou estão em vias de entrar em colapso financeiro nos Estados Unidos recebeu bónus significativos pelos objectivos cumpridos no ano passado.
O primeiro lugar no pódio das compensações cabe a John Thain, presidente executivo da Merril Lynch, que no ano passado arrecadou 10,6 milhões de euros em prémios de desempenho após um mês ao serviço. Valor que ficou acordado antes de assumir a presidência executiva da empresa, em Dezembro passado.
O gestor de 53 anos, que viu a corretora passar para as mãos do (BoA) dez meses após ter assumido o cargo, ocupa a 113ª posição na lista de CEO mais bem pagos, publicada pela revista "Forbes".
O Lehman Brothers (LB), protagonista da maior falência de sempre nos EUA, pagou três milhões de euros em bónus ao CEO Richard Fuld, no exercício fiscal do ano passado.
O gestor de 62 anos recebeu menos do que em 2006 (4,4 milhões de euros). Ainda assim, e não obstante o LB ter vindo a acumular dívidas que chegaram aos 452 mil milhões de euros, manteve o benefício.
Também a AIG, seguradora para a qual se viram agora as atenções, decidiu premiar o seu presidente executivo, Martin Sullivan, com 2,7 milhões de euros, embora tenha registado prejuízos de 5,3 mil milhões de euros no último trimestre de 2007. Sullivan foi substituído por Robert Willumstad em Junho, mês em que a empresa apresentou os piores resultados dos últimos 89 anos. O despedimento rendeu-lhe mais 33,2 milhões de euros (10,6 milhões de indemnização, 2,8 milhões de bónus pelos seis meses de trabalho e 19,8 milhões em acções).
Os gestores da Fannie Mae e da Freddie Mac, Daniel Mudd e Richard Syron, receberam compensações de 1,6 e 1,5 milhões de euros, respectivamente. Isto nove meses antes de o Governo norte-americano ter decidido nacionalizar os dois gigantes do crédito hipotecário para os salvar do colapso financeiro.
No rol de empresas que protagonizam a recessão nos EUA, há uma excepção à regra: chama-se Kerry Killinger e foi CEO do Washington Mutual até ao início deste mês. Nem o facto de ter recusado o bónus que lhe cabia em 2007 evitou que se tornasse em mais uma vítima da crise do "subprime".

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