
Talvez em nenhum outro país do mundo o sector primário tivesse força suficiente para fazer com que uma companhia da dimensão da Tata desistisse de um investimento de 350 milhões de dólares (cerca de 257 milhões de euros) e de uma fábrica que estava já concluída a 90 por cento. Mas a Índia é um caso singular. Embora as forças da globalização estejam a transformar a face do país, várias regiões continuam a resistir.
Entre os dois mundos da Índia, revezes como o sofrido pela Tata multiplicam-se, com acordos pendentes de aquisição de terras a pequenos agricultores por parte de grandes empresas e negócios, como "call centers" e condomínios habitacionais. No total, propostas de compra de 37 mil hectares - por uma soma de cerca de 40 mil milhões de euros - ficaram já suspensas graças a protestos lançados por agricultores.
Para não ir pelo mesmo caminho, a Tata começou logo a negociar com vários estados indianos, ávidos de investimento e postos de trabalho, acabando por decidir-se pela opção mais segura, Gujarat, um estado com uma base industrial estabelecida e onde há consenso político em torno dos benefícios do desenvolvimento económico. Com a questão praticamente resolvida, o presidente do grupo, Ratan Tata, continua convicto de que o Nano chegará no prazo previsto aos mercados, ou seja, antes do final do mês. A perder ficaram os 10 mil agricultores que, por 335 mil rupias (mais de cinco mil euros), venderam a sua terra. Muitos queixam-se que a retirada da Tata os vai deixar sem perspectivas de emprego. E nem a terra terá grande valia. Afinal, foi tão explorada para uso industrial que permanecerá incultivável nas próximas décadas.
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