segunda-feira, 13 de julho de 2009
A Selva não se vende, a Selva defende-se.
Na Amazónia peruana vivem, desde milénios, mais de 1500 comunidades nativas, que controlam cerca de 10 milhões de hectares. Sem contar com os grupos chamados de não contactados, que por decisão própria e logo devido ao genocídio espanhol e português, vivem afastados de todo o contacto ocidental.
Além do mais, conta com áreas naturais protegidas pelas leis nacionais e internacionais, tomando em conta que são uma garantia para o frágil equilíbrio ecológico da terra e património com a maior diversidade do planeta em termos biológicos e culturais.
O desenvolvimento sustentável, conceito usado pelos governos auto-proclamados desenvolvidos, para uma responsável e racional exploração de recursos, brilha pela sua total ausência. Na Amazónia peruana, a negligência usada em nome do progresso social, tecnológico e económico de um país, promove o escandaloso devastamento dos territórios das comunidades indígenas, da sua cultura e modo de vida bem as áreas naturais intangíveis.
Tecnocratas e capitalocratas que mutilando o património mundial natural, converteram-no em florestas de produção permanente. Lotes de hidrocarbunetos e recursos minerais que são leiloados em milionárias concessões petro-mineiras para as maiores corporações internacionais.
Petrobras, Barret, Burlington, Pluspetrol, Ramshorn, Oxy, Nocol, Repsol, Hess, Loon, Sapet, Hunt Oil, Pan Andean, True energy e outras mais, podem agora usufruir de mais de 70 % da selva amazónica em concessões para a exploração de todos os tipos, incluindo a maior parte dos territórios indígenas outrora legalmente considerados intangíveis.
No seguimento do Tratado de Livre Comércio assinado com os EUA, pouco antes do George Bush sair da presidência, o governo peruano aprovou e executou os Decretos Legislativos que provocam o protesto e descontentamento popular, que se estenderam por todo o país, especialmente em Loreto, San Martín, Amazonas, Ucayali, Huánuco, Cuzco e Madre de Dios.
Alterações na lei que permitem o acesso à Amazónia Peruana ainda não capitalizada das multinacionais petroleiras e mineiras e de empresas dedicadas a produção de biocombustíveis.
As comunidades nativas (awajún-wampis, kichuas, arabelas, huaronis, pananujuris, achuar, murunahus, entre outras) uniram-se e reagiram contra o pacote legal por considerar que afectam os seus direitos, sobre as suas terras e ameaçam o ecossistema da Amazónia, onde vivem.
Além do mais, o governo decididiu por essas leis sem consultas, como exige o Convénio 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que obriga às comunidades nativas serem consultadas antes da definição de uma norma legal que venha afectá-los, transformando as leis em inconstitucionais.
A negativa do governo em derrogar as leis tornou impossível o diálogo com os indígenas e os protestos converteram-se em greves por tempo indeterminado que duram por mais de 60 dias, bloqueio das principais estradas e vias que ligam o país, ocupação de locais estratégicos, exigências e reclamações .
Como resposta, numa tentativa de calar a voz indigena, no inicio de Junho, o governo de Garcia suspendeu as Liberdades Civis, declarou estado de emergencia e enviou militares para actuar sobre os protestos na região de Bagua.
A intervenção militar resultou em confrontos sangrentos (5 de Junho), onde morreram cerca de 30 indígenas. A policia foi acusada de recolher e queimar corpos para esconder a chacina e de disparar de helicóptero para os indígenas armados com lanças. Estimam-se que mais de 50 pessoas tenham sido mortas neste massacre.
Devido ás proporções trágicas e ao mediatismo do conflito, uma semana após o massacre, o Congresso aceitou revogar dois dos decretos residenciais questionados pelos indígenas, levantando os bloqueios dos protestantes.
De nada serviu para interditar as expirações petroleiras, pois 13 dias depois do massacre, o governo de Alan Garcia deu luz verde para que uma empresa anglo-francesa perfure a Amazónia peruana em busca de petróleo.
O projecto da empresa Perenco está localizado numa região habitada por duas tribos de índios isolados. O projecto é considerado a maior descoberta de petróleo do Peru nos últimos 30 anos. A empresa Perenco, que é uma das maiores abastecedoras de petróleo do Reino Unido, negou anteriormente que índios isolados vivessem na região.
Se estas leis se mantém, em curto prazo, as terras amazónicas passarão para as mãos das corporações petroleiras, mineiras, de água, madeireiras, produtoras de biocombustíveis, e a médio prazo, a Amazónia estará irreversivelmente destruída e as populações indígenas destroçadas.
A luta contra estas leis, é uma luta pela sobrevivência das comunidades amazónicas e da sua cultura.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Crise capitalista
8 multinacionais anunciaram no dia de ontem 72 mil despedimentos, na Europa e nos EUA.
Nos EUA, a construtora de bulldozers Caterpillar despede 20 mil, a farmacêutica Pfizer que no domingo comprou a rival Wyeth, por 52 mil milhões de euros despede 19 mil, a operadora móvel Spring Nextel oito mil, o grupo de bricolage Home Depot sete mil, o gigante automóvel General Motors mais dois mil.
Ao final do dia, e depois de anúncio destes despedimentos em massa, as bolsas de Nova York valorizaram e terminaram positivas.
Na Europa, a onda de despedimentos chegou ao grupo financeiro e segurador holandês ING, no qual despediu sete mil funcionários, à britânica Corus, a segunda maior fabricante de aço na Europa 3.500 despedimentos, e à Philips, que suprimiu seis mil empregos. A decisão do fabricante de electrónica holandês atingiu Portugal, visto que envolve o encerramento da sua unidade de controlos remotos, em Ovar, que emprega 70 pessoas.
Mas este número não pára de aumentar. Já hoje a IBM anunciou que vai cortar 2 800 postos de trabalho mesmo depois de à 6 dias ter publicado um benefício líquido melhor do que o previsto. E a Fiat avisou que se não tiver ajuda do governo italiano vai despedir 60 mil pessoas depois de ter comprado 35% do capital da norte-americana Chrysler.
No sector da tecnologia, a até agora intocável Microsoft vai pela primeira vez na historia, fazer um despedimento em massa, por causa da quebra nas receitas, 5000 empregos ao longo do próximo ano e meio, a começar por 1400 despedimentos imediatos. A Microsoft está a sofrer com o crescimento do mercado dos netbooks, pequenos computadores portáteis, de baixo custo, exclusivamente para navegação na Internet, que muitas vezes não trazem software da Microsoft. A Intel vai também cortar pelo menos 5000 empregos.
O grupo sueco Ericsson, número um mundial das redes móveis, vai eliminar 5000 empregos, ao mesmo tempo em que anunciou, com uma semana de antecedência, um lucro superior às expectativas relativo ao quarto trimestre do ano passado.
A Nokia teve uma quebra nos resultados muito superior à esperada, no quarto trimestre do ano passado. Para este ano, o grupo finlandês, que é o maior fabricante mundial de telemóveis, prevê uma baixa de 5% na fatia de mercado. O grupo prevê também que o mercado global de telemóveis caia 10%. As acções da Nokia entraram em forte queda, na bolsa de Helsínquia, depois da divulgação destes números.
A Sony vai publicar um prejuízo recorde, no actual exercício. O grupo lançou um alerta sobre resultados, onde prevê uma perda de 2,2 mil milhões de euros no total do exercício 2008-2009. É a primeira queda nos números da Sony em 14 anos.
Os números são uma prova de que a Sony está a perder terreno para a Apple, no que toca aos leitores de mp3, e para a Nintendo, nas consolas de jogos. Segundo os analistas, a Sony tem custos de produção demasiado elevados.
Pior é a situação da Qimonda, uma filial da alemã Infineon, originária da Siemens. A fabricante de microchips acaba de abrir falência, uma notícia que pode implicar o fecho da fábrica que tem em Vila do Conde despedindo 1800. Isto apesar do plano de salvamento conjunto do governo da Saxónia, da Infineon e da Caixa Geral de Depósitos. Depois de desde a sua chegada em Portugal ter sido sempre financiada pela EU e pelo governo de Portugal. A Qimonda já beneficiou de mais de 400 milhões de euros de investimento do Estado.
O mercado da tecnologia foi inundado de produtos nos últimos anos, tornando praticamente todas as corporações como vencidas na corrida louca pelo mercado, restando, como únicas alternativas, as associações entre produtores ou a ajuda estatal.
No caso dos chips de memória, o preço é já inferior aos custos de produção, existindo empresas no ramo que, em parte, já há anos que trabalham com prejuízos. Há, portanto, um problema mundial de sobreprodução, que leva a que os produtores inundem o mercado com mercadoria de baixo preço, causando prejuízos a si mesmos.
Não é portanto de admirar que a Qimonda (produtora de chips de memória) tenha sido criada em 2006, tenha feito um ano de 2007 brilhante em termos de facturação, recebendo subsídios e incentivos, e estando já em 2008 falida, a precisar de entradas de capital na ordem das centenas de milhões de euros. Quimonda, empresa-filha da Siemens que de acordo com um comunicado da empresa, apesar dos efeitos adversos da crise financeira internacional, os resultados líquidos da Siemens Portugal aumentaram 15,2 por cento, para 44,7 milhões de euros, e as encomendas cresceram 74,7 por cento, para os 760,6 milhões de euros.
Em Portugal a Ecco`let vai despedir 180 dos 300 trabalhadores da sua unidade de Santa Maria da Feira, sob acusação de se deslocalizar o trabalho que faz em Portugal para outras empresas do grupo na Indonésia, Tailândia e China.
A Movelpartes, fábrica de móveis do grupo Sonae, anunciou o despedimento colectivo de 42 dos seus 66 funcionários. Segundo os administradores “Este ano ainda crescermos acima de 20%, temos espaço para enfrentar a crise. O que vai acontecer é que vamos crescer menos, eventualmente até crescer muito pouco em número de trabalhadores, quando temos sido um dos principais geradores de emprego do país".
Depois da dispensa de 250 trabalhadores temporários na Autoeuropa, a fábrica da Peugeut/Citröen de Mangualde vai despedir 400 trabalhadores até ao fim deste trimestre.
A Controlinveste, um dos maiores grupos de comunicação social em Portugal, deu início a um processo de despedimento colectivo que abrange 122 trabalhadores, justificando a medida com a retracção do mercado na área da imprensa. Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas, o gratuito Global, o desportivo O Jogo, a TSF e a Sport TV, são alguns dos órgãos de comunicação que fazem parte deste grupo.
A crise capitalista aparece quando os lucros esperados, e que são o fim e a razão de ser das empresas capitalistas, não são alcançados.
Pelo que a manutenção da rentabilidade das corporações exigirá ainda uma maior degradação das condições sociais de vida das populações como meio para garantir as tão almejadas taxas de lucro das grandes empresas mundiais, que são quem verdadeiramente dominam o mundo, segundo a lei que as governa, isto é, a maximização do lucro e a capitalização dos ganhos.
Perante a assumida derrota da crença capitalista, e a inoperância (propositada) dos governos face a uma nova ordem de forma a agir na tentativa para solucionar os que foram principalmente os ataques do sistema capitalista moderno nomeadamente na degradação sócio-económica desde a fome, a pobreza, o desemprego, a precariedade, a escassez de água potável, a degradação ambiental, etc....
a Revolução espera-se....
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Vara cheia de estrume
Armando Vara foi promovido na Caixa Geral de Depósitos (CGD) um mês e meio depois de ter abandonado os quadros do banco público para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Portugal (BCP).
O ex-administrador da CGD e ex-quadro da instituição, com a categoria de director, foi promovido ao escalão máximo de vencimento, ou seja, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma.
Essa promoção, do escalão 17 para o 18, foi decidida pelo conselho de administração a 27 de Fevereiro de 2008, já pela administração de Faria de Oliveira, que ascendeu ao cargo após a saída de Carlos Santos Ferreira e dos administradores Armando Vara e Vítor Manuel Lopes Fernandes para a administração do maior banco privado.
A administração da Caixa esclareceu que, "como é prática comum do grupo, todos os administradores quadros da CGD, quando deixam de o ser, atingem o nível 18 em termos de graduação interna". Estas palavras dizem tudo. É prática corrente da oligarquia financeira (nacional e internacional). São os senhores do mundo.
Além do mais entre o dia da renúncia do cargo de vogal no conselho de administração [28 de Dezembro de 2007] e o dia de desvinculação laboral [15 de Janeiro de 2008], Vara passou a ser director da CGD.
Fernando Nogueira:
Antes - Ministro da Presidência, Justiça e Defesa
Agora - Presidente do BCP Angola
José de Oliveira e Costa:
Antes - Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Agora - Presidente do Banco Português de Negócios (BPN)
Rui Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos Sociais
Agora - Presidente do Conselho Superior do BPN; Presidente do Conselho Executivo da FLAD
Armando Vara:
Antes - Ministro adjunto do Primeiro Ministro
Agora - Vice-Presidente do BCP
Paulo Teixeira Pinto:
Antes - Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Agora - Presidente do BCP (Ex. - Depois de 3 anos de 'trabalho', Saiu com 10 milhões de indemnização!!! e mais 35.000€ x 15 meses por ano até morrer...)
António Vitorino:
Antes - Ministro da Presidência e da Defesa
Agora - Vice-Presidente da PT Internacional; Presidente da Assembleia Geral do Santander Totta - (e ainda uns 'bitaites' como comentador RTP)
Celeste Cardona:
Antes - Ministra da Justiça
Agora - Vogal do CA da CGD
José Silveira Godinho:
Antes - Secretário de Estado das Finanças
Agora - Administrador do BES
João de Deus Pinheiro:
Antes - Ministro da Educação e Negócios Estrangeiros
Agora - Vogal do CA do Banco Privado Português
Elias da Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e Habitação
Agora - Vogal do CA do BES
Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das Obras Públicas (que entregou todas as pontes a jusante de Vila Franca de Xira à Lusoponte)
Agora - Presidente da Lusoponte, com quem se tem de renegociar o contrato.
Faltam aqui o Pina Moura, Jorge Coelho, Dias Loureiro, etc e tal.
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